10 março 2009

- Colinho da Mamãe

Uma paixão, uma verdadeira tentação à linda, robusta e saudável criança.
No esplendor dos primeiros meses, apesar de todos os cuidados a serem dispensados, o bebê é a alegria da casa. Mamada, banho, berço, fraldas, os primeiros sorrisos, dentinhos, palavras... Não há vovó que se agüente.
Os anos correm. Logo voa pela casa o “pestinha”. Todos os aparatos do lar têm uma tarja: PERIGO. O fio do telefone, a ponta da toalha, a panela no fogão, as tomadas, as janelas, as escadarias. Criança deixa a gente cega.
A sucessão de etapas vai sendo vencida. As crianças crescem... E num piscar de olhos temos moço (as) em casa.
E agora? Até os filhos mais modernos costumam ser caretézimos em relação as suas próprias mães, já disse Danuza Leão.
Na presença deles é mesmo impossível ter opiniões, tomar um drink, admirar um astro.
O tipo mais indicado é o clássico e discreto.
Cheguei à conclusão que todo filho adolescente gostaria de cantar. ”Mamãe, mamãe... mamãe. Eu me lembro o chinelo na mão, o avental todo sujo de ovo”... Eles preferem mesmo as mãezonas, matriarca de quadris largos, prendas domésticas e absolutamente dispostas a trabalhar pelo seu conforto (deles).
Dividir as horas de lazer com seus filhos crescidos é um suplício. Nada, terminantemente nada que tenha tido a sua escolha vai agradá-lo.
Não tentar cerceá-los é uma boa opção, não cedendo, contudo aos seus caprichos de querer abafar nossa personalidade. Ora vamos, não admita!
Foram criados e educados por nós para o mundo. Logo a vida melhor ainda ensinará que eles não são os donos do mundo e da verdade, e daí... que saudades terão da cama prontinha, roupa limpinha e comidinha na mesa.
No mundo lá fora não há tréguas, não é mole.
Importante que sejam jovens para lutar, enfrentar a vida, e quando tudo parecer tão difícil, vir correndo buscar o conforto do lar doce lar e o carinho insubstituível do “colinho da mamãe”.

Ireninha / Crônica escrita em 1993

Um comentário:

  1. "Cheguei à conclusão que todo filho adolescente gostaria de cantar. ”Mamãe, mamãe... mamãe. Eu me lembro o chinelo na mão, o avental todo sujo de ovo”... Eles preferem mesmo as mãezonas, matriarca de quadris largos, prendas domésticas e absolutamente dispostas a trabalhar pelo seu conforto (deles)."

    Tudo igual. Só muda o sobrenome e endereço...

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