10 março 2009

- Ligeiramente grávida

Acordou mal humorada.
Tentou olhar a folhinha e certificar-se se entrava na TPM.
Aquela ansiedade, aquele desconforto tinha que ter um motivo.
Tentou buscar apetite, estava enjoada. Mais já? De manhã cedo?
Uma tontura relâmpago lhe fez balançar e amparar-se na porta da cozinha.
Tinha algo errado. O que estaria em desacordo? Estômago? Fígado? Cabeça?
Girou o corpo e caiu de volta na cama. Dormiu.
Meio dia e quinze, pulou de sobre-salto com o barulho das crianças chegando da aula. A Kombi buzinando dava o tom exato do tamanho dos seus compromissos rotineiros que não lhe poupariam nem mesmo neste dia de real indisposição. Arrastou o corpo e seguiu o ritmo do dia entre um mal estar generalizado.
Quatro horas da tarde. É hora de decisão. Segue temerosa ao laboratório mais próximo e se habilita a indagação: _ a que horas terei o resultado?
_ amanhã pela manhã, responde a atendente.
São 17h30min horas do dia seguinte e o telefone toca incessantemente. Agora é sua mãe quem indaga:
_ Você não vai parar de ter filhos com este homem? (ela lembra o filme Laços de Ternura)...
-Mamãe, tente compreender!...
A porta abre-se às suas costas e sente um abraço esmagador.
A alegria, a ansiedade, o mal estar, sua mãe, as crianças, o futuro, o presente, tudo chegava a altas doses neste dia. É como se não estivesse acreditando mais gostando muito dessa paparicação. Este dia foi interminável, mais apenas o prelúdio de longos nove meses de uma nova espera.

Ireninha
Escrita na década de 80

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