17 março 2009

- Cantada de Mulher

Dentre essas histórias que se escuta diariamente, escutei um fato interessante que, como diria alguém que já se foi, dou de graça prá vocês.
Um amigo comum, natural de Nova Prata -RS e residente a muitos anos em Criciúma, viajou a negócios para Chapecó. De volta a cidade, pegou o ônibus linha Chapecó-Criciúma. Para sua surpresa, verificou que sua poltrona de nº 23 tinha ao lado, devidamente sentada na 24 uma jovem senhora com uma criança no colo. Nosso amigo, com o cavalheirismo que lhe é peculiar, indagou-a se gostaria de sentar-se à janela bem como manifestou cordialmente a gentileza de revezarem a criança. Até aí tudo bem.
O amigo estava mesmo de paizão.Ursinho de pelúcia, afagos na garotinha. A jovem senhora recostou os pés da pequena no colo do nosso amigo. A viagem transcorria tranqüila, a par de alguns bate-papos informais quando a escuridão e a monotonia dos quilômetros fizeram nosso personagem meio que adormecer. Qual não foi sua surpresa quando de chofre sentiu algo diferente a lhe roçar a perna. Pensou naturalmente que seriam os pés da criança, e não ousou abrir os olhos. Mas, a pressão insistente acabou por deixá-lo de “orelha em pé”; Repentinamente sentiu um beijo em sua boca. Mais que depressa, assustado e como bom moço tratou de esclarecer: Moça, sou casado. E ela respondeu:- Eu também.
Nessa altura nosso personagem atônito não entendeu mais nada, nem sabia mesmo que nos dias de hoje é melindroso ser educado, até quando se referiu à criança lourinha dizendo que a mesma parecia um anjo. A jovem senhora retrucou; - anjo é você!
Nosso amigo se viu francamente embaraçado, suado e nervoso. Afinal, nos dias atuais o que pensar? Não seria uma emboscada? Um alarme falso? Ora, esmola demais o santo desconfia.
Diante dos acontecimentos, a situação, como é de se imaginar estava deveras preocupante, ainda mais em se tratando de alguém que sabe tão bem distinguir educação e cavalheirismo de oportunismo e malandragem.
A bem da verdade a “jovem mamãe aventureira” ia com destino mais além. Nosso amigo, descendo em Criciúma muito atordoado, desejou-lhe uma boa viagem. Respirou fundo pisando em terra e aliviado concluiu que tinha sido alvo de uma atração fatal, uma deslavada “Cantada de Mulher”.

Texto baseado em fatos reais escrito no ano de 1993.
Ireninha

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