22 março 2009

- Buá, Buá

Chorinho novo na casa.
Assim tudo começa... Filhos. Childrens.
Covinha no queixo anuncia. Um pestinha.
A jovem mamãe atrapalhada não sabe até onde vão seus conhecimentos.
Seios cheios doem os pontos, chora o filho, chegam os amigos.
Tudo ainda parece confuso. Aquele novo integrante da família precisa de atenção e cuidados.
A mãe carente, disforme, tenta relaxar das tensões do parto.
O enxovalzinho engomado das gavetas já se encontra num emaranhado de roupas ... Fraldas a lavar, babeiros, pijaminhas.
A casa outrora cuidadosamente organizada parece que bagunçou geral. Chazinho, chupeta... O banho.
Este é apenas o anuncio que nada mais será como antes.

Dividir os espaços faz parte da vida de todos os pais e assim o prelúdio de muita estrada que será compartilhada junta.
Logo, logo estará correndo o rapazinho, a guriazinha enchendo de esperança o coração dos pais, ainda que originando muitas preocupações e trabalho.
Um filho é um presente dos céus, e é mesmo difícil escapar das tentações da maternidade.
Todos querem ver perpetuada sua espécie, sentir as emoções da igualdade de sangue, de amor, mesmo que para isso e por isso seja preciso tanto amor.
As crianças de hoje são uma parada.
Inteligentes, sagazes e exigentes.

A par com o mundo atual são consumistas, perspicazes e mandonas.
Tempo foi quando o pai dava um assovio e todos se amontoavam quietos e respeitosos ao redor da mesa.
Hoje os donos da casa são eles. Abrem seu espaço com a energia que desarma qualquer mortal.
Não sei até onde o mundo avançou e nem tão pouco onde ficou perdida a autoridade dos pais.
A verdade é que no calendário da família está exigido a escola, a viagem de férias, a casa de praia, o aparelho dos dentes, a festa de 15 anos, o guarda-roupa, os sapatos.... E haja amor. Sim, porque esse é o ingrediente principal. Afinal, temos que formar adultos equilibrados, afastá-los dos perigos da atualidade, dar exemplo... E haja amor.

Ouvi uma vez um amigo dizer: “filho? É um investimento sem retorno.”
Uma afirmativa radical demais para quem espera tanto de uma nova vida.
Ali estarão estampadas nossas lágrimas de emoção, de sacrifico, de entrega.
Triunfaremos aos vê-los (as) diplomar-se realizado (a) e feliz.
Nossa alegria sempre foi o sorriso deles, desde quando a sabedoria da vovó anunciou ao pé do berço :.. “Trás no queixo uma covinha...”

Ireninha
Crônica escrita no ano de 1993

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