25 janeiro 2015

Ademarzinho I

Ainda é cedo

Não sei por que um nome tão bonito Ademar tinha um apelido vulgar Vardema..rs Sempre quis entender. Contaram-me uma vez por alto que teria sido na época em que o pai foi candidato a vice-prefeito na chapa com Dr. Canziani, que Ademarzinho acabou ganhando o apelido. Assim, de graça. Um dia vou saber bem disso, mas deve ser tão tola história como qualquer outra de um apelido que logo pega. Ainda que queiramos trocar de assunto, não dá. Perdão! Não por enquanto, quando a memória viva galopa dia e noite. Acompanha no abraço dos amigos que encontramos, nas lembranças dos primos, nas falas da mãe por telefone como se quiséssemos agarrar cada minuto de seus últimos dias terrenos que desperdiçávamos deliberadamente. As lágrimas começam a compassar. Um ou outro acontecido, grandes infortúnios e tragédias que se sucedem vão nos dando certa distância, um alongamento. Se formos finitos e prováveis pecadores somos também descuidados no entendimento do ADEUS, a palavra que o compositor definiu como "cinco letras que choram". Foram até aqui 15 dias de indagações, de suposições de conhecimento de um arsenal de amigos, depoimentos e claro constatações de uma vida cheia de desacertos. Buscando acertar errava. Tentando falar, berrava. Construía com a mesma rapidez que desmanchava. Tinha sonhos que me pareciam estranhos para alguém em idade madura. Tudo era tão fácil nas suas descrições que me pegava a entender será que ele cresceu só em tamanho? Mas com que facilidade sua oratória nos convencia que o errado talvez estivesse correto. Se Deus escreve certo por linhas tortas ELE deu 47 anos para este menino entender que com a mesma facilidade que buscava o  inatingível, existia um chão real, que lhe indicaria um novo caminho, e que então teria o céu como limite.

Sempre que olhar para o céu em noites claras e estreladas, vou saber que temos mais uma luz lá em cima que se juntou a  constelação dos amores eternos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário