14 setembro 2009

- O LIVRO DA DONA NEUZA


Indagorinha cheguei da casa da minha irmã.
Lá rolavam muitas emoções nesta noite, essencialmente com o livro da dona Neuza.

Leia-se Neuza Gomes Simon, uma mulher que de alguma forma esteve presente em nossas vidas. Senão pelos laços de amizades que uniam nossos pais que, por conseqüências geraram identidades diversas mantidas com as Simon.
Ainda que a sociedade perfect tente atribuir alguns deslizes comportamentais em ambas as vidas, não se poderá negar por certo o berço da cultura que conhecemos na biblioteca de Dona Neuza. Claro, que ali não estávamos somente à procura de livros. As viagens com a música dos Secos & Molhados, Genesis Pink, as composições no violão da Simone, poesias e letras, o vulcão hormonal adolescente, Woodstock contribuindo com nossas fantasias e mais um punhado de comparsas de época povoavam nosso dia a dia.
Mas aquela mulher guardava mistérios. Com sua escola de inglês aproximou culturetes, os abastados da época e seus filhos para jornadas do idioma que moveria o mundo, o inglês.
Em nossas jovens cabecinhas admirávamos a fluente conversação daquela dama vaidosa, com acentuado sexy apeal e que conseguia trazer para si muitos adeptos, olhares, perguntas que nós atônitas não sabíamos como bem entender.

Na verdade as escadas da sua biblioteca guardavam nossos sonhos comuns.
Hoje, no alto da maturidade recebi o livro de Dona Neuza em mãos. Quis saber, dela, delas todas, da vida que passou a nossa frente e nem podemos mais dividir.
Estou ansiosa em ler cada linha deste livro, como se ele trouxesse de volta um pouco do meu /nosso passado, quem sabe ele possa compactuar com que vi, com que li, com que observei passar, com as canções que fizemos, com as que não terminamos com nossos sonhos comuns soltos ao destino.

Talvez não tenhamos tido o tato de entender muitas coisas. Na ânsia de viver ficaram pelo caminho atropelos, cacos de amor e amizade que hoje estou tentando juntar.
Como num quebra-cabeça tento entender onde começou esse amor, porque ela me emociona, e também por onde andarão as andorinhas que povoaram nossa amizade.

A bem da verdade vou ler esse livro como uma das ações mais prazerosas deste domingo. Tenho por certo grande curiosidade em talvez identificar personagens, voltar a uma época que de tão linda chega a emocionar ainda hoje. Quem sabe a maturidade nos traga de volta essa nostalgia adolescente que nos remete aos salões do passado, onde imperava a juventude cercada assim ...de tanta gente que deixou saudades.


Ireninha




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