01 janeiro 2012

- Do Thales

Corria o final dos anos 60 quase se anunciando a década histórica de 70.Morro dos Conventos, um santuário de amor, liberdade e energia que fazia corações bater “desvairados” quando chegava o verão. Lá, território mágico tinha a marca inconteste dos Freitas, todos os herdeiros do baluarte Diomício Freitas. Havia certa magia no ar.
Claro que por aquilo que hoje entendemos, o “poder”, mas que para nós, frágeis adolescentes, nem se apercebia. Por lá encontrávamos a cada estação verão: Dr. Helmut Scharschmitz, Dr. Puggina, Sr. Cerimbelli e filhas, Dr. Boainowski (de saudosa lembrança), os Crippa, os Sampaio, Os Rochadel (lembram?), o Márcio (Gasolina) e sua irmã Ana Preis, Raimundo Peres e seu irmão caçula, o “Salame”, o pequeno que era tipo o “mascote” da turma. O “Toalete” (Saulo Silva), Dona Zilá (sua mãe) e o mano Paulo César Silva todos vindos de Araranguá. Jorge Freitas (o Carneiro) que então namorava a Marília Pimentel (pioneira em seios volumosos sem silicone), as irmãs de Jorge, filhas do Sr. Dite: Jane, Janete e Jadna (muito menina). Lá nos misturava-mos com gaúchos de toda sorte: Carazinho, Santa Maria, Ijuí etc. Fizemos grandes amizades.
Uma rivalidade saudável rolava entre veranistas do Morro dos Conventos e Rincão, e isso era acentuado no carnaval de salão, até do então City Clube (ali onde hoje está a Betha Informática).Vínhamos aos bandos, em blocos animadamente preparados, na rural do Dr. Puggina, cantando marchinhas e pretendendo “arrasar” na entrada do bloco no clube/baile.Muitas vezes íamos na “barra” com outras finalidades... nadar nuas entre amigas, e achar isso o máximo! Era a ebulição hormonal se manifestando.
De Criciúma para o Morro, íamos de carona (e que senhora carona!) com Dr. Dilor Freitas, galáxi verde água, com ar condicionado (pasmem para época) música e bom papo. A noite fervia a boate do Seu Quitanda que recebia conjuntos gaúchos como “Os Pedreiros” e muitas das meninas se apaixonavam pelos músicos. Tinha também o Samba 6 da cidade, liderado pelo Naza, que nas entrelinhas (foi ali que me perdi...).O Farol...ah o farol!!! Ainda bem que ele não fala, só ilumina... até nossas idéias. Quantos beijos roubados, promessas, projetos, lual... mas se fosse contar tantos “causos” chamaria o Rolando Boldrin com sua especial maneira de contar causos e fatos.
Todo esse “intróito” deu-se para lembrar aqui a figura que diríamos, dispensa apresentações, Thales Freitas, surgido entre nós no tempo aqui aprazado, magro, alegre, malandro, rico, vanguardista vindo do Rio de Janeiro e trazendo histórias picantes e fantásticas de um sobrenome: Freitas.Thales ousou, transgrediu, amou, magoou, agradou, fez uma legião de amigos, de comparsas, de companheiros de época, de tragos e truques, de fatos que a própria brisa suave do Morro dos Conventos tratou de apaziguar. Veio com ele, ou após ele, o mano Ronaldo, o Fino, com charmoso sotaque carioca, cabelos encaracolados, centradão e também muito benquisto. Eram os primeiros filhos (conhecidos) do ilustre Hilário Freitas, o homem que ousou dar a si prioridade, amando muito, todas lindas mulheres, jovens mulheres, vindas de todos os cantos do mundo. Elas a quem o poder seduzia ou quiçá? Muita coisa mais.
Mais voltemos ao Thales, hoje com seus cinqüenta e uns, o qual lembramos de maneira especial, visto que todos nós, contemporâneos de época, guardamos um certo fascínio e mistério das histórias únicas, cravadas pelos Freitas. Por destino, heranças genéticas, poder, ou por subtração travaram ou “pagaram” preço alto pela fama e dinheiro. Tragédias inexplicáveis aplacaram-se em seu meio, entre elas as mortes prematuras dos manos Kadinho e Marcel Freitas, primos do Thales. Até mesmo a morte estapafúrdia, como só a morte pode ser do Sr. Diomício. Quando soubemos atônitos.... Como? Assim tão simples? Tão excêntrica? Tão cruel?...
Mas vamos falar do Thales, como amigos/confidentes e até “cúmplices” de festas e noites. Sensacionalismo? Claro que não! O povo é curioso e nós somos povo. Claro que existirá certa curiosidade natural do ser humano, pela mais completa condição de loucura, em sua plenitude a que se submeteu nosso amigo, pelo poder e algo mais.Diremos claro! Thales não serve de exemplo, mas foi referencial de um tempo, uma época de muitos amores, sexo, drogas e rock in roll, no mais literal sentido da palavra. Até mesmo da época em que Thales vendia sapatos ao primo Jorge, e dizia cheio de razão: “É o máximo bicho! Esse sapato é lindo, e tem mais... não dá chulé”...hehehehe grande Thales

Ireninha 25.11.07

Um comentário:

  1. Flash back interessante, relebrando a irreverência do Thales, os tempos saudosos do Morro dos Conventos e mais um emaranhado de pessoas e situações, que, ao nos levar ao passado, nos fazem reviver a juventude. Parabéns pelo Blog Ireninha e Neda. Sucesso nos negócios e um grande beijo da Mo. Torres 7 de Março 09

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